Genes,Arquétipos,Comportamento e Doença

O componente genético é extremamente importante na gênese das doenças mentais, sem, no entanto, ser sua causa determinante. Estudos com gêmeos univitelinos mostram que apesar de haver exatamente o mesmo genótipo, um porcentual considerável de indivíduos não desenvolve a doença. Os gêmeos monozigóticos devem suas similitudes à genética e suas diferenças ao ambiente. Não há como responsabilizar um único gene por um comportamento ou por uma doença, mas sim centenas de milhares de genes atuando em conjunto. Apenas riscos ou predisposições podem ser herdados. Os genes são responsáveis, através de sua capacidade transcricional, por codificar a síntese de proteínas que vão constituir as inúmeras substâncias que vão mediar o funcionamento mental. É necessário que diversas oportunidades ambientais se aliem às fragilidades genotípicas para que os comportamentos anormais venham a ocorrer. A doença, enquanto fenótipo, será a soma da expressão dos múltiplos endofenótipos anormais com os fatores estressores ambientais. Alterações na neurogênese, na migração e seleção neuronal, na sinaptogênese e, por conseguinte na neurotransmissão podem implicar em comportamentos anormais e doenças, contrariando o objetivo natural da aquisição de boas habilidades cognitivas e motoras. O DNA contém todas as informações necessárias para regular o funcionamento celular sempre através da síntese de proteínas. Sinapses são feitas e desfeitas, circuitarias neuronais são abertas e fechadas contínua e dinamicamente. O stress crônico precoce com elevados níveis de cortisol, através da metilação do DNA, impede a expressão de genes necessários para a produção de BDNF, VEGF e NGF, facilitando a ação de interleucinas e citocinas pró-inflamatórias, dificultando, assim, a neurogênese, migração, sinaptogênese, seleção e sequenciamento dos neurônios, resultando em inervação confusa e errônea que vai influenciar negativamente o funcionamento cerebral por toda a vida. A função transcricional de um gene, que vai redundar na sua capacidade de sintetizar proteínas é passível de regulação e responsiva a fatores ambientais. Carl Gustav Jung entendeu que o desenvolvimento psíquico obedecia a um fio diretor, um padrão herdado para organizar a consciência e funcionar psíquicamente, comum a todos os indivíduos da espécie humana. O que Jung chamou de “arquétipo” é um potencial hereditário para o funcionamento psíquico, sendo, portanto, um conceito genético plenamente validado, mais de cem anos depois, pelas mais modernas descobertas da genética, epigenética e biologia molecular.      


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